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29 dezembro 2006

PENSE - Vida Nova (1229-003)



"Vida nova" é uma expressão que exige planejamento


Todo mundo sempre costuma repetir: "Ano-novo, vida nova". Mas até
que ponto sabemos realmente medir o peso desta afirmação e será que a colocamos em prática ou ficamos só na intenção?

Se no ano que passou, você não conseguiu atingir suas metas,
concretizar sonhos, acumulou mágoas e não conseguiu superar desafios inesperados, agora é a hora de abrir as janelas da mente e do coração para o futuro.

É importante captar as mensagens externas e não esquecer de olhar
para dentro de si porque o caminho para uma vida nova passa, impreterivelmente, por nosso mundo interior, que vc sabe qual é!

A transformação de seu momento atual, enfim, depende exclusivamente
de você. Depende do seu trabalho mental, de acreditar e realizar. Nada, nem ninguém poderá fazer isso por você. A ajuda pode, sim, vir de fora, mas o impulso deve partir de você.

Independentemente de sua situação atual, em primeiro lugar,
questione com sinceridade: "Eu realmente quero mudar minha vida?"

Se a sua resposta for afirmativa, então é hora de mexer-se porque o
ano-novo está aí e vc tem todas as ferramentas para criar um novo futuro.


Hauoli Makahiki hau = Feliz Ano Novo em Hawaiano


Credito: Elmalux do Grupo Kahuna Mondial

FRASES - Abra os Olhos (1229-002)

"É necessário abrir os olhos e perceber que as coisas boas estão dentro de nós, onde os sentimentos não precisam de motivos nem os desejos de razão.

O importante é aproveitar o momento e aprender sua duração, pois a vida está nos olhos de quem saber ver."


(Gabriel Garcia Marquez)

PENSE - Operário em Construção (1229-001)

Era ele que erguia casas onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas, ele subia com as casas que lhe brotavam da mão. Mas tudo desconhecia de sua grande missão: Não sabia, por exemplo que a casa de um homem é um templo. Um templo sem religião.
Como tampouco sabia que a casa que ele fazia, sendo a sua liberdade era a sua escravidão.

De fato, como podia um operário em construção compreender por que um tijolo valia mais do que um pão?

Tijolos ele empilhava com pá, cimento e esquadria. Quanto ao pão, ele o comia... Mas fosse comer tijolo!

E assim o operário ia com suor e com cimento erguendo uma casa aqui, adiante um apartamento, além uma igreja, à frente um quartel e uma prisão: Prisão de que sofreria não fosse, eventualmente um operário em construção.

Mas ele desconhecia esse fato extraordinário: Que o operário faz a coisa e a coisa faz o operário. De forma que, certo dia à mesa, ao cortar o pão o operário foi tomado de uma súbita emoção ao constatar assombrado que tudo naquela mesa – Garrafa, prato, facão – Era ele quem os fazia. Ele, um humilde operário, um operário em construção.

Olhou em torno: gamela, banco, enxerga, caldeirão, vidro, parede, janela casa, cidade, nação! Tudo, tudo o que existia era ele quem o fazia, ele, um humilde operário. Um operário que sabia exercer a profissão.

Ah, homens de pensamento não sabereis nunca o quanto aquele humilde operário soube naquele momento!

Naquela casa vazia que ele mesmo levantara, um mundo novo nascia de que sequer suspeitava.

O operário emocionado olhou sua própria mão, sua rude mão de operário, de operário em construção. E olhando bem para ela, teve um segundo a impressão de que não havia no mundo coisa que fosse mais bela.
Foi dentro da compreensão desse instante solitário que, tal sua construção cresceu também o operário. Cresceu em alto e profundo, em largo e no coração. E como tudo que cresce ele não cresceu em vão pois além do que sabia – Exercer a profissão – O operário adquiriu uma nova dimensão: A dimensão da poesia.

E um fato novo se viu que a todos admirava: O que o operário dizia outro operário escutava.

E foi assim que o operário do edifício em construção que sempre dizia sim começou a dizer não. E aprendeu a notar coisas a que não dava atenção: Notou que sua marmita era o prato do patrão, que sua cerveja preta era o uísque do patrão, que seu macacão de zuarte era o terno do patrão. Que o casebre onde morava era a mansão do patrão, que seus dois pés andarilhos eram as rodas do patrão. Que a dureza do seu dia, era a noite do patrão. Que sua imensa fadiga, era amiga do patrão.
E o operário disse: Não! E o operário fez-se forte na sua resolução.

Como era de se esperar as bocas da delação começaram a dizer coisas aos ouvidos do patrão. Mas o patrão não queria nenhuma preocupação – "Convençam-no" do contrário – Disse ele sobre o operário e ao dizer isso sorria.

Dia seguinte, o operário ao sair da construção, viu-se súbito cercado dos homens da delação e sofreu, por destinado sua primeira agressão.

Teve seu rosto cuspido, teve seu braço quebrado, mas quando foi perguntado o operário disse: Não!

Em vão sofrera o operário sua primeira agressão. Muitas outras se seguiram. Muitas outras seguirão. Porém, por imprescindível ao edifício em construção, seu trabalho prosseguia e todo o seu sofrimento misturava-se ao cimento da construção que crescia.

Sentindo que a violência não dobraria o operário, um dia tentou o patrão dobrá-lo de modo vário. De sorte que o foi levando ao alto da construção e num momento de tempo mostrou-lhe toda a região e apontando-a ao operário fez-lhe esta declaração: – Dar-te-ei todo esse poder e a sua satisfação porque a mim me foi entregue e dou-o a quem bem quiser.
Dou-te tempo de lazer. Dou-te tempo de mulher.
Portanto, tudo o que vês será teu se me adorares e, ainda mais, se abandonares o que te faz dizer não.

Disse, e fitou o operário que olhava e que refletia mas o que via o operário o patrão nunca veria. O operário via as casas e dentro das estruturas via coisas, objetos, produtos, manufaturas.

Via tudo o que fazia o lucro do seu patrão e em cada coisa que via misteriosamente havia a marca de sua mão.
E o operário disse: Não!

– Loucura! – gritou o patrão – Não vês o que te dou eu?

– Mentira! – disse o operário não podes dar-me o que é meu.

E um grande silêncio fez-se dentro do seu coração. Um silêncio de martírios. Um silêncio de prisão. Um silêncio povoado de pedidos de perdão. Um silêncio apavorado com o medo em solidão. Um silêncio de torturas e gritos de maldição. Um silêncio de fraturas a se arrastarem no chão. E o operário ouviu a voz de todos os seus irmãos. Os seus irmãos que morreram por outros que viverão.

Uma esperança sincera cresceu no seu coração, e dentro da tarde mansa agigantou-se a razão de um homem pobre e esquecido razão porém que fizera em operário construído, o operário em construção.



Vinícius de Moraes

28 dezembro 2006

TESTE - Etiqueta à mesa (1227-002)

Como está seu nível de etiqueta à mesa?!!

Acessem o site abaixo e façam o teste - é engraçado...

http://www.terra.com.br/istoe/produtos/etiqueta/index.htm

FANTÁSTICO - Minas é dentro e fundo (1227-001)

"Minas não é palavra montanhosa. É palavra abissal. Minas é dentro e fundo

O sotaque das mineiras deveria ser ilegal, imoral ou engordar.

Porque, se tudo que é bom tem um desses horríveis efeitos colaterais, como é que o falar, sensual e lindo (das mineiras) ficou de fora?

Porque, Deus, que sotaque! Mineira devia nascer com tarja preta avisando: ouvi-la faz mal à saúde.

Se uma mineira, falando mansinho, me pedir para assinar um contrato doando tudo que tenho, sou capaz de perguntar: só isso? Assino achando que ela me faz um favor. Eu sou suspeitíssimo. Confesso: esse sotaque me desarma.

Certa vez quase propus casamento a uma menina que me ligou por engano, só pelo sotaque. Os mineiros têm um ódio mortal das palavras completas. Preferem, sabe-se lá por que, abandona-lãs no meio do caminho (não dizem: pode parar, dizem: "pó parar".

Não dizem: onde eu estou?, dizem: "ôncôtô. Os não-mineiros, ignorantes nas coisas de Minas, supõem, precipitada e levianamente, que os mineiros vivem - lingüisticamente falando - apenas de uais, trens e sôs.


Digo-lhes que não. Mineiro não fala que o sujeito é competente em tal ou qual atividade. Fala que ele é bom de serviço. Pouco importa que seja um juiz, um jogador de futebol ou um ator de filme pornô. Se der no couro - metaforicamente falando, claro - ele é bom de serviço.


Faz sentido...

Mineiras não usam o famosíssimo tudo bem. Sempre que duas mineiras se encontram, uma delas há de perguntar pra outra: "cê tá boa?"

Para mim, isso é pleonasmo. Perguntar para uma mineira se ela tá boa é desnecessário.
Há outras. Vamos supor que você esteja tendo um caso com uma mulher casada. Um amigo seu, se for mineiro, vai chegar e dizer: - Mexe com isso não, sô (leia-se: sai dessa, é fria, etc). O verbo "mexer", para os mineiros, tem os mais amplos significados. Quer dizer, por exemplo, trabalhar. Se lhe perguntarem com o que você mexe, não fique ofendido. Querem saber o seu ofício.

Os mineiros também não gostam do verbo conseguir. Aqui ninguém consegue nada. Você não dá conta. Sôcê (se você) acha que não vai chegar a tempo, você liga e diz:- Aqui, não vou dar conta de chegar na hora, não, sô. Esse "aqui" é outro que só tem aqui. É antecedente obrigatório, sob pena de punição pública, de qualquer frase. É mais usada, no entanto, quando você quer falar e não estão lhe dando muita atenção: é uma forma de dizer, olá, me escutem, por favor. É a última instância antes de jogar um pão de queijo na cabeça do interlocutor.

Mineiras não dizem "apaixonado por". Dizem, sabe-se lá por que, "apaixonado com". Soa engraçado aos ouvidos forasteiros. Ouve-se a toda hora: "Ah, eu apaixonei com ele...". Ou: "sou doida com ele" (ele, no caso, pode ser você, um carro, um cachorro). Elas vivem apaixonadas com alguma coisa.

Que os mineiros não acabam as palavras, todo mundo sabe. É um tal de bonitim, fechadim, e por aí vai. Já me acostumei a ouvir: "E aí, vão?". Traduzo: "E aí, vamos?". Não caia na besteira de esperar um "vamos" completo de uma mineira. Não ouvirá nunca. Eu preciso avisar à língua portuguesa que gosto muito dela, mas prefiro, com todo respeito, a mineira.

Nada pessoal. Aqui certas regras não entram. São barradas pelas montanhas. Por exemplo: em Minas, se você quiser falar que precisa ir a um lugar, vai dizer:- Eu preciso de ir. Onde os mineiros arrumaram esse "de", aí no meio, é uma boa pergunta. Só não me perguntem. Mas que ele existe, existe. Asseguro que sim, com escritura lavrada em cartório.


Deixa eu repetir, porque é importante. Aqui em Minas ninguém precisa ir a lugar nenhum. Entendam... Você não precisa ir, você "precisa de ir". Você não precisa viajar, você "precisa de viajar". Se você chamar sua filha para acompanhá-la ao supermercado, ela reclamará: Ah, mãe, eu preciso de ir?

No supermercado, o mineiro não faz muitas compras, ele compra um tanto de coisa. O supermercado não estará lotado, ele terá um tanto de gente. Se a fila do caixa não anda, é porque está agarrando lá na frente. Entendeu? Agarrar é agarrar, ora!

Se, saindo do supermercado, a mineirinha vir um mendigo e ficar com pena, suspirará: - Ai, gente, que dó. É provável que a essa altura o leitor já esteja apaixonado pelas mineiras. Não vem caçar confusão pro meu lado. Porque, devo dizer, mineiro não arruma briga, mineiro "caça confusão".

Se você quiser dizer que tal sujeito é arruaceiro, é melhor falar, para se fazer entendido, que ele "vive caçando confusão".

Para uma mineira falar do meu desempenho sexual, ou dizer que algo é muitíssimo bom vai dizer: "Ô,é sem noção". Entendeu, leitora? É sem noção! Você não tem, leitora, idéia do tanto de bom que é. Só não esqueça, por favor, o "Ô" no começo, porque sem ele não dá para dar noção do tanto que algo é sem noção, entendeu?

Capaz... Se você propõe algo ela diz:capaz !!!Vocês já ouviram esse "capaz"? É lindo. Quer dizer o quê? Sei lá, quer dizer "ce acha que eu faço isso"!? com algumas toneladas de ironia..
Se você ameaçar casar com a Gisele Bundchen, ela dirá: "ô dó do cê". Entendeu? Não? Deixa para lá. É parecido com o "nem...". Já ouviu o "nem..."? Completo ele fica:- Ah, nem...
O que significa? Significa, amigo leitor, que a mineira que o pronunciou não fará o que você propôs de jeito nenhum. Mas de jeito nenhum. Você diz: "Meu amor, cê anima de comer um tropeiro no Mineirão?".
Resposta: "nem..." Ainda não entendeu? Uai, nem é nem.
A propósito, um mineiro não pergunta: "você não vai?". A pergunta, mineiramente falando, seria: "cê não anima de ir"? Tão simples. O resto do Brasil complica tudo.
É, ué, cês dão umas volta pra falar os trem... Falando em "ei...". As mineiras falam assim, usando, curiosamente, o "ei" no lugar do "oi". Você liga, e elas atendem lindamente: "eiiii!!!", com muitos pontos de exclamação, a depender da saudade...

Tem tantos outros... O plural, então, é um problema. Um lindo problema, mas um problema. Sou, não nego, suspeito. Minha inclinação é para perdoar, com louvor, os deslizes vocabulares das mineiras. Aliás, deslizes nada. Só porque aqui a língua é outra, não quer dizer que a oficial esteja com a razão. Se você, em conversa, falar:
Ah, fui lá comprar umas coisas...- Que' s coisa? - ela retrucará. O plural dá um pulo. Sai das coisas e vai para o que. Ouvi de uma menina culta um "pelas metade", no lugar de "pela metade". E se você acusar injustamente uma mineira, ela, chorosa, confidenciará: - Ele pôs a culpa "ni mim". A conjugação dos verbos tem lá seus mistérios, em Minas...
Ontem, uma senhora docemente me consolou: "preocupa não, bobo!". E meus ouvidos,já acostumados às ingênuas conjugações mineiras, nem se espantam. Talvez se espantassem se ouvissem um: "não se preocupe", ou algo assim".

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